Se divorciar de um companheiro emocionalmente abusivo pode ser mais difícil, porém não é impossível.
Até julho de 2022 foram feitas mais de 31.000 denúncias de violência ou ameaças de violência contra mulheres por parte de parceiros ou ex-parceiros apenas no Brasil. O abuso emocional é apenas uma faceta das diversas espécies de violência existentes.
Como advogada de família sei que o número bem pequeno é denunciado. A maioria permanece silente, inerte, com medo e por isso não denunciam. Medo da pobreza, do abandono, dos julgamentos, da incerteza.
Há pouco terminei de ler a biografia da atriz Americana Viola Davis, onde ela conta o espiral de violência em que viveu durante sua infância e adolescência, incluindo a violência do pai contra a mãe. Relatos assustadores. E, incrivelmente, ela conta que os pais permaneceram casados até o final da vida e que na velhice o pai se tornou um ótimo marido.
Mas quero reforçar aqui algo contigo: isso é exceção. Uma rara exceção. Seu companheiro não vai ser tornar um ótimo marido na velhice. Não paute toda sua vida nessa esperança.
E qual seria a solução para o relacionamento abusivo?
Sinto muito, mas minha única resposta para isso é a separação/divórcio.
E digo mais: todo divórcio é difícil, mas em um relacionamento abusivo, ele costuma ser mais difícil ainda.
O abuso pode assumir muitas formas e pode não envolver violência física. É consenso que parceiros emocionalmente abusivos podem causar mais cicatrizes do que abuso físico real.
E se você está se separando de alguém emocionalmente abusivo, existem medidas que você pode tomar para se proteger e estar um passo à frente, evitando assim situações perturbadoras.
Reconhecendo um parceiro emocionalmente abusivo
Nem toda discussão ou conflito entre duas pessoas é necessariamente abusivo. Uma coisa que todas as formas de abuso têm em comum é a questão do controle. Um abusador é obsessivo em tentar controlar todos os aspectos da vida de sua vítima.
Alguns dos sintomas comuns de um parceiro emocionalmente abusivo incluem:
Linguagem degradante ou humilhante
Críticas ou acusações constantes
“Gaslighting” (a tentativa de convencer uma pessoa de que ela é “louca”)
Linguagem ou comportamento manipulativo
Tentativas de manipular outras pessoas fora do casamento (como tentar desacreditar a vítima ou encorajar outras pessoas a insultar ou menosprezar a vítima)
Reter afeto (o “tratamento silencioso”)
Recusar-se a aceitar a responsabilidade pelas próprias ações
Como deixar um parceiro emocionalmente abusivo
Este é um passo corajoso e importante, mas o triste é que os comportamentos abusivos podem aumentar quando as vítimas tentam sair para sempre.
É importante tomar todas as medidas possíveis para se proteger e planejar com antecedência para que seu cônjuge não tente bloquear todos os seus movimentos.
Antes de comunicar a decisão, procure aconselhamento jurídico e profissional para se preparar mentalmente para o próximo grande passo.
Você pode não acreditar, mas mesmo em situações assim é possível se tentar um divórcio consensual. Um bom advogado pode assumir a frente dessa tarefa e, usando as técnicas adequadas, conseguir que o divórcio se desenrole amigavelmente.
Às vezes, advogados, mediadores ou terapeutas ajudam os casais divorciados a negociar esses termos com mais eficácia do que se você tentar por conta própria.
Etapas para divorciar de um companheiro abusivo
Encontre suporte externo.
Cuidar de si mesmo (e de seus filhos, se tiver) pode ser muito difícil durante um período emocionalmente difícil. Você vai precisar de todo o apoio que conseguir. Um grupo de apoio ou terapeuta pode ser uma grande fonte de orientação necessária. Seja transparente sobre os abusos do seu parceiro para que seus amigos e familiares possam ajudar a apoiá-lo. Vejo muitas mulheres omitindo de todo mundo esses abusos e não entendem quando todos não são o apoio que elas precisam.
Proteja as crianças a todo custo de qualquer cena desagradável , chamando amigos para tomar conta quando necessário.
Obtenha aconselhamento jurídico profissional.
Pode ser tentador economizar dinheiro tentando lidar com o divórcio por conta própria. Mas se você está lidando com um parceiro emocionalmente abusivo, precisa garantir que seus direitos e finanças sejam protegidos. Consulte um advogado para determinar a melhor maneira de seguir em frente.
Documente tudo o que você precisa.
Você precisará de cópias de todos os seus documentos financeiros e de um inventário de seus pertences . Você também deve documentar (prints, gravações, cópias de e-mails, etc.) os comportamentos abusivos passados e atuais de seu cônjuge para compartilhar com seu advogado.
Concentre-se no que importa.
O divórcio não é sobre “ganhar” ou se vingar depois de ser maltratado. Trata-se de criar uma vida melhor para si mesmo. Sua prioridade deve ser manter você e sua família seguros e financeiramente seguros. Às vezes, você pode ter que deixar o passado para trás para poder superar os padrões tóxicos do cônjuge abusivo.
Seja sempre honesto.
Seu advogado e seu sistema de suporte só podem ajudá-lo se tiverem todas as informações de que precisam. Além disso, se você tentar esconder coisas (como bens) de seu cônjuge, poderá acabar em sérios problemas. É importante ser franco e honesto em todos os momentos.
Quebre velhos padrões.
Se seu parceiro emocionalmente abusivo tem rotinas habituais, é possível que você tenha uma vida doméstica tóxica. O divórcio é uma oportunidade de aprender novos estilos de comunicação e começar a praticar melhor o autocuidado. Tente evitar brigas e brigas com seu parceiro emocionalmente abusivo. Muito provavelmente, isso se tornou um mecanismo de controle dele sobre você e não traz nada de positivo.
Não passe por isso sozinha.
Talvez a coisa mais importante a entender sobre o divórcio seja que você não precisa passar por isso sozinho. Pode ser um processo assustador, doloroso e complicado. Você precisará de orientação e conselhos enquanto passa por isso, e o suporte está disponível. Quem você pode chamar para ajudá-lo a navegar pelas águas agitadas?
Conclusão
Com este conteúdo, você viu conselhos importantes de pessoas que já passaram por isso e que gostariam de saber antes de divorciar
Lembre-se que é muito importante que o profissional seja especialista na área de família. Melhor ainda que atue com perspectiva de gênero.
A principal dica é: desenvolva um relacionamento de confiança com o profissional. Do contrário, pode ficar insegura e a relação se tornar extremamente desgastante ao longo dos meses.
E você, conhece alguém que precisa saber as informações deste artigo? Então compartilhe. Tenho certeza que ele vai ajudar muita gente.
Ainda, se quiser uma análise pormenorizada do seu caso, é só chamar a nossa equipe nesse Whatsapp.
Agora, vou ficando por aqui.
Até a próxima.
Meu nome é Maisa Lemos, atuo como advogada de família e sucessões em Goiânia desde 2002 e tenho clientes em todo o Brasil. Meu foco é o atendimento de mulheres e sempre na prevenção de litígios e o bem estar dos envolvidos, sobretudo quando há filhos menores de idade.
Sou também mãe do Davi, da Helena e da Clara.
Me siga no instagram: @maisalemoss. Lá eu posto conteúdo quase diariamente sobre direito de família e sucessões.
LEMBRE-SE: este post tem a finalidade apenas de informar. Em nenhuma hipótese substitui a consulta com um profissional do Direito. Converse com seu advogado e verifique as orientações necessárias para o seu caso específico.
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