Diz a lenda que conselhos sem fossem a gente não dava, vendia. Mas mesmo assim, resolvi trazer alguns aqui para você que está pensando em se divorciar ou já está passando por um processo de divórcio.
Representei e consultei milhares de pessoas ao longo da minha carreira. Muitos eu nunca mais vi, outros ainda tenho contato. E com alguns deles, fiz a seguinte pergunta:
Depois te tanto tempo do seu divórcio, o que você gostaria de saber na época e que não sabia?
O divórcio por si só é uma experiência dolorosa. Seja você quem tomou a decisão de encerrar casamento, seja você aquele que foi comunicado. Vejo muitos dizendo que, ao final, se sentiram aliviados. Mas o processo em si, de separação, não é fácil para ninguém.
Os sentimentos ficam confusos, a percepção muitas vezes anuviada. Por isso acho interessante esse exercício de olhar para atrás e aprender com o ocorrido. Ajuda a evitar novas situações no futuro.
Seguem aqui conselhos de algumas pessoas que gentilmente deram suas opiniões sobre o divórcio. Obviamente adaptei para que ninguém fosse reconhecido.
1. Evite brigar por bens
Não perca tempo brigando demais por patrimônio. Obviamente é importante ficar atento para não ser lesado, mas a briga por partilha de bens te deixa vinculada à pessoa. Saiba ceder, faça o cálculo de longo prazo.
Saiba que o divórcio litigioso, em razão de bens, te deixa em um cenário de incerteza: você não pode vender nada, o patrimônio se deteriora e os honorários advocatícios ficam muito mais caros.
Tenha em mente que seu tempo é precioso e aqueles anos gastos em um litígio judicial, poderiam estar sendo investidos em outras coisas mais importantes para seu crescimento pessoal e profissional.
Se foi você quem quis sair do casamento, a briga por bens pode ser uma estratégia do outro, para se manter vinculado. E aí, se você não revida e cede, o ex não tem para onde correr, a não ser aceitar que realmente acabou.
2. Seja racional
Parece absurdo pedir isso para uma pessoa que está se divorciando. A vontade muitas vezes é jogar roupa pela janela, xingar, dizer poucas e boas.
Mas, sempre que possível, trate o processo de divórcio como uma transação comercial.
Os ânimos exaltados não são os melhores conselheiros. Tente deixar as emoções de lado e, se não puder, encontre alguém que possa lhe dar conselhos racionais durante todo o processo e se apoie nela.
3. Não tome grandes decisões financeiras
Neste artigo eu falo como o divórcio pode te deixar mais pobre. Ele não vai ter deixar “miserável”, mas o sentido do artigo foi dizer que o ato de divorciar tem impacto financeiro na vida dos dois, quase sempre para pior.
Por isso, o mais sensato é ter cautela nesse momento e não fazer grandes gastos. Espere a poeira abaixar para, aí sim, decidir o que fazer.
Até porque uma grande decisão financeira nessa fase pode ser usada contra você pelo seu ex na demanda judicial. Assim, é importante pensar não somente no aspecto monetário em si, mas também na estratégia a ser adotada em um divórcio. Na dúvida, sempre converse com o seu advogado antes.
4. Tenha consciência de todo o processo
Tem pessoas que já passaram pela minha vida e quando lembro delas nessa fase de divórcio, imagino que elas gostariam de estar deitadas na cama em posição fetal, só sofrendo por tudo o que estava acontecendo.
Outras querem colo. Um colo que um advogado, por exemplo, não pode dar.
E aqui vou ser bem dura: por mais que seja um momento difícil, é importante estar desperta e atenta a todo o processo. As decisões que tomar agora, vão impactar sua vida daqui para frente. Uma má decisão pode te custar não somente dinheiro, mas também muito desgaste emocional, ainda mais quando se tem filhos menores de idade.
Tente obter uma compreensão clara de todo o processo de divórcio com os principais eventos ao longo do caminho, como: escolher um bom advogado, coletar documentos, saber como funciona um processo de divórcio, saber como se comportar, manter a discrição e etc.
Em resumo: esteja atenta!
5. Preserve seus filhos
Pense sempre a longo prazo no que diz respeito a seus filhos. Sempre! Por mais que agora doa, tente ver que eles não tem culpa de nada. Por isso, não coloque os filhos no meio, não importa o que aconteça.
Na prática, isso pode significar ceder ao outro. E isso pode te deixar chateada. Mas é importante ter serenidade e sempre buscar diminuir o impacto negativo do divórcio sobre seus filhos. Sejam eles adultos ou crianças.
Muita gente pensa que só crianças que precisam ser protegidas, mas muitos filhos adultos desenvolvem patologias (depressão, ansiedade, pânico, etc.), durante o processo de divórcio do pais. Mantê-los longe, alivia muito a pressão e torna o processo menos desgastante para todos.
6. Não é um jogo de ganhar e perder.
Ninguém ganha no divórcio. Não olhe para isso como um jogo de ganhar e perder. No fundo todos saem perdendo ou deixando algo importante para trás.
Aqui a máxima de “mais vale um mal acordo que uma boa demanda” é super válida. Por isso tente tirar da sua cabeça a ideia de que não pode perder, porque você já perdeu, ainda que não admita.
7. Ouça os outros, porém com reserva.
Ouça o conselho dos outros, mas no final do dia, certifique-se de que todas as suas decisões são aquelas com as quais você pode viver.
Muito fácil para mim, como advogada, dizer o que você deve ou não fazer. A lei está aí e eu tento aplicá-la ao caso concreto, à realidade dos seus clientes.
Mas é importante saber se essa sugestão, se essa orientação realmente é melhor para você, para sua vida e para seus filhos.
Tente ao máximo estar no comando das suas decisões. E que você possa conviver com elas quando bater sua cabeça no travesseiro. Costumo dizer que nada paga aquele nosso “sono gostoso”.
8. Detalhes são importantes.
Não tente agir no divórcio como um caminhão bitrem, sem freios, em uma ladeira. Agindo assim, vai deixar detalhes importantes passarem e que vão lhe gerar incômodos logo em seguida.
Não subestime, esteja atenta a todos os cenários possíveis. Você pode jurar que vai ser amigável e de repente descobrir que vai ter que lidar com um grande litígio.
E também vice-versa. Por isso, esteja atenta aos detalhes, ao que você fala e ao que você ouve. Proteja a si mesmo, seu patrimônio e o bem estar de seus filhos.
Por isso, tente deixar tudo bem discriminado: pensão, convivência, guarda, a partilha dos bens. Você nunca sabe como seu ex-cônjuge vai agir com o passar do tempo.
9. Busque a conciliação
Tentem o quanto puderem, antes de divorciar, resolver o caso por meio da conciliação. Isso evita que o processo seja decidido pelo juiz, o que pode fazer com que seu divórcio se arraste por anos e sua vida fique parada até que isso se resolva.
Saiba ceder em alguns pontos, mas ser firme em outros. Por isso é importante definir o que é prioridade para você antes de bater o martelo em um acordo.
Tenho uma cliente que tem o divórcio tramitando desde o ano de 2009. Estamos em 2022. E, aparentemente, está longe de acabar. São 13 anos que a vida dela está parada por questões relacionadas à partilha de bens. Por isso, não subestime o potencial de duração de um processo judicial.
10. Não finja para si mesmo.
Não apresse a sua recuperação do divórcio. Você sobreviverá a isso e até prosperará. É um capítulo da sua vida, não o livro inteiro. Cuide de si mesmo – mentalmente, fisicamente, espiritualmente e emocionalmente.
Mas tenho uma teoria mirabolante (nunca ninguém me falou nada sobre isso, tampouco li algo semelhante), de que um dos fatores responsáveis pelo aumento de expectativa de vida das pessoas nos últimos anos, principalmente no Brasil, também está relacionado à facilidade com que as pessoas entram e saem de casamentos hoje em dia.
Um mau casamento tem um potencial adoecedor. Vai por mim, seja honesta consigo mesmo, viva os maus momentos, mas saiba que um divórcio pode ser a melhor coisa que pode fazer por si mesmo.
Lembre-se de que as partes legais e emocionais do processo de divórcio não são as mesmas para todas as pessoas. No entanto, espero que uma das respostas acima ressoe com você para que você evite cometer um erro semelhante ao longo do processo.
Espero que seja sábia ao usar as informações e conselhos que obtém. Por mais que seja difícil, eu acredito que possa superar esse momento difícil. Prepare-se para o inesperado, bem como para o esperado e tenha compaixão por si mesmo.
Conclusão - conselhos sobre divórcio
Com este conteúdo, você viu conselhos importantes de pessoas que já passaram por isso e que gostariam de saber antes de divorciar.
Lembre-se que é muito importante que o profissional seja especialista na área de família. Melhor ainda que atue com perspectiva de gênero.
A principal dica é: desenvolva um relacionamento de confiança com o profissional. Do contrário, pode ficar insegura e a relação se tornar extremamente desgastante ao longo dos meses.
E você, conhece alguém que precisa saber as informações deste artigo? Então compartilhe.
Tenho certeza que ele vai ajudar muita gente.
Ainda, se quiser uma análise pormenorizada do seu caso, é só chamar a nossa equipe nesse Whatsapp.
Agora, vou ficando por aqui.
Até a próxima.
Meu nome é Maisa Lemos, atuo como advogada de família e sucessões em Goiânia desde 2002 e tenho clientes em todo o Brasil. Presto assessoria jurídica em ações de inventário, arrolamento, divórcio, guarda, pensão alimentícia, sobrepartilha e filiação socioafetiva. Meu foco é sempre a prevenção de litígios e o bem estar dos envolvidos, sobretudo quando há filhos menores de idade.
Sou também mãe do Davi, da Helena e da Clara.
Me siga no instagram: @maisalemoss. Lá eu posto conteúdo quase diariamente sobre direito de família e sucessões.
LEMBRE-SE: este post tem a finalidade apenas de informar. Em nenhuma hipótese substitui a consulta com um profissional do Direito. Converse com seu advogado e verifique as orientações necessárias para o seu caso específico.
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